VALENTE, José Armando; ALMEIDA,
Fernando José de Almeida. Visão analítica da informática na educação no Brasil:
a questão da formação do professor. Revista Brasileira de Informática na
Educação n.1, setembro de 1997. p. 45-60.
A obra é de 1997, e tem como
objetivos expressos a discursão da importância da informática como ferramenta
pedagógica. Baseada na analise do cenário de outros países (Estados Unidos e
França), a descrição do próprio cenário brasileiro e as conclusões tiradas
pelos autores a partir do estudo dessas realidades e de suas próprias
experiências práticas.
Logo na introdução nos deparamos
com a critica a dificuldade da inserção do computador a realidade educacional
do nosso pais que já tem mais de 30 anos(na época 20 anos) na historia da
educação. Mas que tem explícitos problemas de desenvolvimento , colocando que “A posição que defendemos é que,
além da falta de verbas existiram outros fatores responsáveis pela escassa
penetração da Informática na Educação. A preparação inadequada de professores é
um desses fatores” (Valente & Almeida; 1997).
Diferente de outros países, a ideia ou idealização
brasileira sempre foi de utilizar a informática como ferramenta pedagógica para
a aprendizagem, e não de preparadora para o mercado de trabalho ou de defensora
de interesses políticos, apesar de ser bastante espelhada e influenciada por
eles. Mesmo aparentemente positivos seus objetivos sempre se depararam com
caminhos complexos e de difícil realização. “Embora o contexto mundial de uso
do computador na educação sempre foi uma referência para as decisões que foram
tomadas aqui no Brasil, a nossa caminhada é muito particular e difere daquilo
que se faz em outros países. Apesar das nossas inúmeras diferenças, os avanços
pedagógicos conseguidos através da informática são quase os mesmos que em
outros países. Nesse sentido estamos no mesmo barco” (Valente & Almeida;
1997).
E mesmo nos países mais desenvolvidos no que se diz
respeito à tecnologia computacional sempre existiu dificuldades para a inserção
da mesma no ambiente escolar, sendo essa integração sempre ‘adiada’ para um
futuro próximo. “Não se encontram práticas realmente transformadoras e
suficientemente enraizadas para que se possa dizer que houve transformação
efetiva do processo educacional como por exemplo, uma transformação que
enfatiza a criação de ambientes de aprendizagem, nos quais o aluno constrói o
seu conhecimento, ao invés de o professor transmitir informação ao aluno”
(Valente & Almeida; 1997).
No tópicoInformática na educação nos Estados Unidos
da América, vimos um Estados Unidos independente das decisões governamentais no
que se refere ao uso dos computadores no ambiente escolar, mas bastante
influenciado pela competição existente entre empresas de softwares, mas a pouca
sintonia com as necessidades educacionais, “ As mudanças de ordem tecnológica são fantásticas e
palpáveis mas não têm correspondência com as mudanças pedagógicas” (Valente
& Almeida; 1997).
Nos anos 70, inicio da informática na educação dos
Estados Unidos, os recursos tecnológicos para a educação básica não se
diferenciavam muito dos que dispúnhamos no Brasil (quase nenhum). Já nas
universidades, o contato com a tecnologia e o aprimoramento dela existia, e o
instrumento utilizado era o Computer-AidedInstruction (CAI), que foram
fundamentais para fomentar a discussão de questões mais profundas de ordem
pedagógica. “Nunca ficou resolvido se a informática na educação deveria
continuar na direção do uso dos CAIs implementados em sistemas de grande porte
ou se deveria ser enfatizado o desenvolvimento de sistemas computacionais que
facilitassem uma reforma total do processo educacional. Entretanto, as
dificuldades técnicas provenientes do fato de os computadores serem de grande
porte foi eliminada com o aparecimento dos microcomputadores no início dos anos
80 (Valente & Almeida; 1997).
Logo depois surgiram os microcomputadores, em especial os Apples, que
facilitaram a locomoção e facilitaram a aprendizagem como tutoriais, programas
de demonstração, exercício-e-prática, avaliação do aprendizado, jogos
educacionais e simulação integrados aos novos CAIs.
Com o desenvolvimento da tecnologia LOGO, integrada a computadores de
médio e grande porte, utilizadas e localizadas em universidades e visitadas por
alunos da educação básica, ficou clara a necessidade da formação do professor
como mediador entre o aluno e a tecnologia.
“Hoje existe a preocupação com a interação homem-máquina, com a
realização de atividades mediadas pelo computador ao invés de o computador ser
a supermáquina que assume o controle do processo de ensino. Por outro lado, a
formação de professores voltada para o uso pedagógico do computador nos Estados
Unidos não aconteceu de maneira sistemática e centralizada como, por exemplo,
aconteceu na França.” (Valente & Almeida; 1997). Alguns críticos dessa
abordagem pedagógica argumentam que a exploração da rede, em alguns casos,
deixa os alunos sem referência, com sensação de estarem perdidos ao invés de
serem auxiliados no processo de organizar e digerir a informação disponível.
O que fica é enfatizado é que as universidades dos
Estados Unidos ainda são renomadas formadoras de professores especializados em
informática voltada a praticas pedagogicas, mas ainda são poucas as escolas que
conseguem explorar as potencialidades do computador como ferramenta da
educação.
É notável a grande influencia da França sobre as
demais nações. As diversas dificuldades econômicas e relacionais vividas pelo
país e a superação delas o fizeram um exemplo de administração e pensamento de
vanguarda em relação a vários quesitos. No que se trata de informática não foi
diferente, utilizou da mesma como auxiliadora no processo de formação trazendo
soluções e inovações para o mundo, apesar de
inicialmente seu interesse não ser
de cunho pedagógico, ela cresceu bastante
nesse sentido.
Quase não existem escolas
particulares na França, e diferente do Brasil a escola publica não é só de
interesse do estado, mas sim de todas as entidades da sociedade.
O software inicialmente
usado no inicio dos anos 60 voltados à educaçãose caracterizaram como EAO (EnseignementAssisté
par Ordinateur), o que
equivale ao CAI desenvolvido nos anos 60 nos Estados Unidos, inspirados no
ensino programado com base na teoria comportamentalista e no condicionamento
instrumental (estímulo-resposta). Ele contribui bastante para o estimulo do
aluno sobre uma nova percepção, sendo o mesmo o centro das atenções. No inicio
dos anos 80 a linguagem Logo surgia na França se opondo a EAO.
InformatiquepourTous (1985), o terceiro plano nacional, tinha como
objetivo maior incorporação das escolas a tecnologia, mas é importante
ressaltar que o domínio da mesma não tinha interesse pedagógico e sim de
faze-lo conhecer a ferramenta. A partir da década de 90 com o aumento da
quantidade, qualidade e necessidade do computador, ele passou a ser incorporado
de forma mais natural, em especial nas escolas secundarias, sendo
disponibilizado para o auxilio dos alunos em suas tarefas.
A França teve expressa preocupação principalmente
na preparação de seus professores e investiu em uma pequena parcela deles,
vários cursos foram criados e os alunos também se beneficiaram disso. Ouve
também dedicação em propiciar uma melhor utilização da informática para os
interesses pedagógicos, mas os autores enfatizam que o que foi feito até aquele
momento está longe de ser o ideal.
No inicio da década de
70, o Brasil tinha suas primeiras experiências com o uso do computador na
educação, e como em outros países elas se deram em universidades, as primeiras
foram UFRJ e a UFGS, com estudo de química e fisica. A partir daí vários
softwares foram criados e outros aperfeiçoados ou personalizados de acordo com
as necessidades, como por exemplo o SISCAI, utilizado para avaliação de alunos de pós-graduação em Educação.
A partir disso documentos foram criados com a
preocupação de propiciar obrigatoriamente sistemas computacionais aos demais
níveis de ensino, mas é nesse ponto que o Brasil se diferencia dos demais: “No
caso da Informática na Educação as decisões e as propostas nunca foram totalmente
centralizadas no MEC. Eram fruto de discussões e propostas feitas pela
comunidade de técnicos e pesquisadores da área. A função do MEC era a de
acompanhar, viabilizar e implementar essas decisões. Portanto, a primeira
grande diferença do programa brasileiro em relação aos outros países, como
França e Estados Unidos, é a questão da descentralização das políticas...”
(Valente & Almeida; 1997).
A pesquisa também foi prioridade para o modela
brasileiro, diferentemente dos outros apresentados. Assim criada a EDUCOM que
tinha como objetivo um projeto onde as universidades em parceria com uma equipe
de especialistas seriam o suporte do professor que devidamente formado estaria
desenvolvendo os projetos com seus alunos.
Mas o que fica claro é a tentativa brasileira, em
parte fracassada, de provocar mudança. Para se ter um modelo inovador da
utilização da informática na educação era necessário uma grande mudança, que
ainda não aconteceu por conta de nossos conceitos ‘enraizados’. A efetivação da
informática como ferramenta pedagógica sendo muitas vezes meio de aprendizagem
implica da quebra do professor como único transmissor de conhecimento, a quebra
da escola como templo do conhecimento, e do aluno como receptáculo do
conhecimento passando a ser questionador do que lhe é apresentado e criador de
seus próprios conceitos.
Já na escola particular a discussão é ainda mais
complexa, porque ela passa a se igualar aos moldes norte americanos. É na
escola publica que a mudança começa a acontecer, mas por essas questões até a
época da finalização do artigo muita coisa não havia mudado.
O artigo é bastante enriquecedor não só para nós
futuros pedagogos, mas também é para todos aqueles interessados no país e seu
desenvolvimento de forma geral, assim como muitos outros tratados dentro do
curso. E é exatamente nesse ponto que falhamos, nós repartimos e subdividimos
as informações e conhecimentos, é certo que ser humano algum é capaz de saber
tudo, mas existem assunto que deveriam ser realmente de ‘interesse publico’, e
a educação é um deles. Mas como fazer interessado alguém que só tem tempo de
lutar para sua sobrevivência, para dar o básico a sua família(mais uma vez a
educação entra em questão).
Os autores bateram exatamente num grande ponto
fraco da educação: seu sistema engessado e envelhecido, e pior a quase
impossível mudança. Mas, se levarmos em consideração que a obra foi escrita a
pouco mais de uma década vemos visíveis mudanças, hoje o computador é
imensamente mais acessível e familiar para os estudantes e o resto da população,
em relação ao seu uso na escola as coisas também mudaram.
Apesar de todas as minhas criticas concordarem em
partes com as criticas de ....e ...., é necessário sim tomar posição e
concordar ou discordar das coisas, mas se estamos nessa é preciso sermos os
agentes das mudanças que desejamos não só para a modificação da ferramenta
tecnologia na escola, mas para a melhoria da ferramenta educação no nosso país.
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